Toxicologia no Teatro? Veja-se, por exemplo, o Hamlet

8 anos atrás

“Dia 6 de janeiro de 1948, terça-feira. Às 21 horas, estreava no teatro Fênix, no Centro do Rio de Janeiro, Hamlet, de William Shakespeare.”

É o que se lê no início do primeiro parágrafo do texto Hamlet, um acontecimento do teatro brasileiro, no Portal das Artes, da Fundação Nacional de Artes. Hoje, 6 de janeiro de 2016, completamos, portanto, 66 anos da provável primeira encenação em palcos brasileiros da que alguns consideram a obra magna de William Shakespeare.

O texto acima indicado prossegue:


 

Uma encenação do Teatro do Estudante do Brasil, de Paschoal Carlos Magno, com direção de Hoffmann Harnish e tradução de Tristão da Cunha. Telegramas chegavam de atores e dos teatros de estudantes de todas as partes do país, enviando votos de felicidade “à grande arremetida”. Também o famoso “Teatro dos Amadores de Pernambuco”, num telegrama assinado por seu diretor, Valdemar de Oliveira, saudava e desejava ao “Teatro do Estudante” um grande sucesso “ao que será a maior vitória de uma geração”.

Depois da aclamada estreia, os jornais da época vibravam com a encenação brasileira, realizada pelos jovens estudantes, que ensaiaram por sete meses “a mais bela de todas as tragédias shakespeareanas”. Ressaltavam que, além de ser o maior sucesso do “Teatro do Estudante”, foi um dos maiores acontecimentos do teatro brasileiro. Destacou-se também o ator protagonista, Sergio Cardoso, revelado nesta montagem.

 

Vale o registro de tal fato frente aos tempos atuais tão conturbados do Brasil, seja porque o texto, ele próprio, é atualíssimo no que concerne ao magnetismo que o poder e sua prática exercem sobre todos, não se poupando, em seu encalço, a efetivação de crimes horrendos, da mesma natureza que os cometidos na tragédia Hamlet; seja porque foram os jovens que, como sempre, por conta de sua ousadia, encararam a dificílima tarefa; seja porque é sempre a arte o que nos resta para sublimação de nossas dificuldades e atingimento de outros horizontes. Cabe ainda lembrar, saudosamente, a figura de Sérgio Cardoso, um dos maiores atores teatrais do país em todos os tempos.

O Hamlet, a peça mais longa de Shakespeare, é uma tragédia, porém não sem certo tom de humor, que os estudiosos avaliam ter sido escrita entre 1599 e 1601, cuja ação se passa na Dinamarca. Como todos sabem, conta o drama do Príncipe Hamlet, que tenta vingar a morte do rei seu pai, também Hamlet, assassinado por Cláudio, irmão do rei, tio do príncipe, que, ademais, depois do crime, casa-se com a própria cunhada e mãe do Príncipe, Gertrudes.

A obra faz profunda imersão nos territórios das emoções humanas mais abissais e explora sentimentos como vingança, poder, traição, incesto, corrupção e, ainda, aborda a moralidade.

Hamlet, mesmo depois de mais de quatro séculos de escrito, ainda hoje, como nos diz a publicação da Abril Cultural de 19761, sustenta “toda a sua força: obra de arte – das maiores da literatura teatral em todos os tempos – mantém inteiro seu fascínio, comove e instiga, emociona e faz pensar.”

Os especialistas em Shakespeare e no Hamlet têm atribuído esse fascínio permanente da obra (acredita-se que já foram escritos 80 mil volumes a seu respeito, cf. Hamlet – https://pt.wikipedia.org/wiki/Hamlet), por todos os tempos, para todas as gerações e nas mais diferentes línguas, seja ao impacto que nos causa a aparição do espectro do rei morto, logo nas cenas iniciais, o que encontra terreno por demais fértil em nossa permanente curiosidade e nosso temor relativos ao sobrenatural, remetendo-nos à Morte e seus mitos; seja ao manejo estonteantemente arrebatador com que Shakespeare “brinca” com as grandes paixões humanas, com as quais sempre temos alguma dificuldade de lidar; seja à ardilosa loucura fingida (?) da personagem central e sua hesitação em matar o tio (pai?), a qual faz valer os cinco atos da encenação; seja ao elegantíssimo discurso, pleno da mais elaborada linguagem, em versos cativantes.

Por tudo isso, o Hamlet tem servido de inspiração, provocação, criação e debate nos campos da Religião, da Política, do Feminismo, da Filosofia [no interminável Há mais coisas no céu e na terra, Horácio, do que sonha a tua filosofia2 (Ato I Cena V); no inexcedível ser ou não ser (Ato III Cena I)], da Psicanálise [sem dúvida Freud lastreia sua construção do Complexo de Édipo na clássica história de Sófocles, mas a burila e burila no Hamlet; já outro grande psicanalista, Ernest Jones, também biógrafo de Freud, escreve uma obra a respeito: Hamlet e o Complexo de Édipo (1949), Zahar Ed., 1970, e o referencial psicanalista francês Jacques Lacan não deixa de juntar uma contribuição notável ao tema, no Seminário VI, Les désir et son interprétation (1958-59), com Desire and the interpretation of desire in Hamlet (1959)3 ].

Contudo, outro aspecto, muito relacionado à minha atividade/interesse profissional, tem-me chamado a atenção. São os muitos e sucessivos casos de envenenamentos homicidas (intoxicações intencionais) que Shakespeare não economiza na arquitetura do enredo da peça. Além dessa abundância de vítimas envenenadas e de diferentes agentes tóxicos, outra ocorrência chamativa é o uso de uma via de introdução para substâncias no organismo bastante incomum: a auditiva4 .

Assim, no texto em inglês, Ato I Cena V, pode-se ler:

 

Brief let me be. Sleeping within my orchard,
My custom always of the afternoon,
Upon my secure hour thy uncle stole,
With juice of cursed hebenon in a vial,
And in the porches of my ears did pour
The leperous distilment; whose effect
Holds such an enmity with blood of man
That swift as quicksilver it courses through
The natural gates and alleys of the body,
And with a sudden vigour doth posset
And curd, like eager droppings into milk,
The thin and wholesome blood: so did it mine;
And a most instant tetter bark”d about,
Most lazar-like, with vile and loathsome crust,
All my smooth body5. (Grifos meus.)

 
Na tradução de Millor Fernandes temos:

Devo ser breve; eu dormia, de tarde, em meu jardim,
Como de hábito. Nessa hora de calma e segurança
Teu tio entrou furtivamente, trazendo, num frasco,
O suco da ébona maldita,
E derramou, no pavilhão de meus ouvidos,
A essência morfética
Que é inimiga mortal do sangue humano,
Pois, rápida como o mercúrio, corre através
Das entradas e estradas naturais do corpo;
E, em fração de minuto, talha e coalha
O sangue límpido e saudável,
Como gotas de ácido no leite. Assim aconteceu comigo;
Num segundo minha pele virou crosta leprosa,
Repugnante, e me surgiram escamas purulentas pelo corpo6. (Grifos meus.)

 

Hebenon, também hebona e henbane (que Millor Fernandes, utilizando-se, talvez, de uma licença poética, traduziu como ébona, para a qual não encontrei registro em nosso idioma, provavelmente erro meu) é uma planta/princípio ativo botânico cuja identidade tem sido objeto de muita especulação, desde que Shakespeare a mencionou no Hamlet, sendo esta a única citação a respeito que ele faz em toda sua obra. Nos Quartos a palavra foi grafada como hebona, nos Fólios como hebenon7 . O termo henbane parece haver surgido em 1265 d.C.

Na polêmica identificatória dos autores8 já entrou a cicuta, que tem a seu favor o fato de que Shakespeare a menciona explicitamente em vários de seus escritos. Outros pendem para o teixo9 , pela sua familiaridade como veneno e a similaridade dos sintomas que acarreta. Em favor de ébano (no caso especificamente o guáiaco10 ) registre-se o fato de, por vezes, ébano ter sido escrito um h, contudo, fica contra tal evidência a baixa toxicidade do guáiaco. Por fim, a favor de meimendro tem-se sua natureza tóxica e a possível origem da hebenon como metátese de henbane. Indaga-se se há provas suficientes para resolver o problema, e até se a preocupação shakespeariana com botânica e farmacologia era o bastante para se supor que ele tenha pensado numa planta específica.

Quicksilver é uma denominação para o muito conhecido – e tóxico – elemento mercúrio. Para quem deseja se aprofundar na toxicologia deste metal proponho uma consulta aos livros Toxicologia do mercúrio e Metais – gerenciamento da toxicidade12 , e à matéria Mercúrio, uma ameaça global13.
 
Os envenenamentos prosseguirão na trama da história. Bem mais adiante, no Ato IV Cena VII, lê-se:
 

LAERTES
I will do”t:
And, for that purpose, I”ll anoint my sword.
I bought an unction of a mountebank,
So mortal that, but dip a knife in it,
Where it draws blood no cataplasm so rare,
Collected from all simples that have virtue
Under the moon, can save the thing from death
That is but scratch”d withal: I”ll touch my point
With this contagion, that, if I gall him slightly,
It may be death.

KING CLAUDIUS
Let”s further think of this;
Weigh what convenience both of time and means
May fit us to our shape: if this should fail,
And that our drift look through our bad performance,
“Twere better not assay”d: therefore this project
Should have a back or second, that might hold,
If this should blast in proof. Soft! let me see:
We”ll make a solemn wager on your cunnings: I ha”t.
When in your motion you are hot and dry–
As make your bouts more violent to that end–
And that he calls for drink, I”ll have prepared him
A chalice for the nonce, whereon but sipping,
If he by chance escape your venom”d stuck,
Our purpose may hold there. (Conforme já acima citado na referência 5; grifos meus.)

 
Na tradução antes apontada, de Péricles E. S. Ramos para a Abril Cultural, leremos (p. 194):
 

Laertes
É o que farei.
E com esse intuito vou ungir a minha espada.
A um charlatão comprei tão venenoso unguento,
Que se uma faca nele imersa por um átimo
Tirar sangue de alguém, não há tão raro emplastro,
Feito com os símplices de força à luz da lua,
Que consiga salvar da morte a criatura
Apenas arranhada. (…)

Rei Cláudio
(…)
– Achei!
Quando tiverdes, ao lutar, calor e sede
– Para esse fim atacareis mais rijamente –
E ele quiser beber, dar-lhe-ei taça apropriada:
Se tão-somente provar o conteúdo,
Mesmo que escape do vosso golpe venenoso,
O nosso intuito se consumará… (Grifos meus.)

 

Aqui, embora haja muita clareza e verdade nas iniciativas concretas de envenenamentos, o que de fato se dará no desenvolver dos acontecimentos, Shakespeare não chega a especificar os venenos.

Permitir-me-ei, assim, uma ligeira concentração do interesse toxicológico no meimendro.

 
Meimendro – causa mortis do rei Hamlet?
 

A tabela a seguir fornece uma breve caracterização da planta meimendro, vinda da Eurásia e hoje globalmente distribuída (incluindo Brasil), que tem sido empregada desde tempos muito antigos. Encontra-se inscrita como remédio para dor de dentes no citadíssimo Papiro de Ebers! O romano Plínio (Caio Plínio Segundo, também chamado Plínio, o Velho, 23 – 79 d.C.), naturalista e autor de História Natural, vasto compêndio das ciências com 37 volumes, e o greco-romano Dioscórides (Pedânio Dioscórides, provavelmente 40-90 d.C.), fundador da farmacognosia por conta de sua obra De materia medica, fonte de informações sobre drogas medicinais desde o século I até ao XVIII, referiram o uso de meimendro. Plínio disse que ele era “da natureza do vinho e, portanto, ofensivo para o entendimento”, e Dioscórides o recomendou como sedativo e analgésico. As sacerdotisas de Apolo utilizavam-no (era o Herba Apolinário) para produzir seus oráculos. Foi originalmente usado na Europa continental, Ásia e no mundo árabe, tendo chegado à Inglaterra na Idade Média.

Família botânica Solanaceae
Nome científico Hyoscyamus niger L.
Sinonímia Hyoscarpus niger Dulac; Hyoscyamus agrestis Kit.; Hyoscyamus auriculatus Tenore; Hyoscyamus bohenicus F.W.Schimidt; Hyoscyamus lethalis Salisb.; Hyoscyamus officinarum Crantz; Hyoscyamus pallidus Waldst. et Kit. ex Willd.; Hyoscyamus persicus Boiss. et Bushe; Hyoscyamus pictus Roth; Hyoscyamus syspirensis C.Koch; Hyoscyamus verviensis Lej.; Hyoscyamus vulgaris Neck.
Nomes populares
  • Alemão: Bilsenkraut;
  • Dinamarquês: Eulme;
  • Espanhol: Beleño, Beleño Negro, Haba de Cerdo, Hierba de Gallina, Herba de las Punzadas, Herba Loca, Hioscianuro e Jusquiana;
  • Francês: Hannebane, Herbe Aux Engelures, Herbe Aux Teignes, Jusquiame, Jusquiame Noire, Mort-Aux-Poules, Porcelet e Potelée;
  • Holandês: Bilsenkruid;
  • Inglês: Black Henbane, Henbane, Hogbean, Poison Tabacco e Foetid (ou stinking) Nightshade;
  • Italiano: Giusquiamo;
  • Polonês: Bielun;
  • Português: Meimendro, Meimendro Negro, Erva Louca, Hioscíamo e Velenho. No Brasil: Erva-dos-cavalos.
Denominação homeopática Hyoscyamus
Partes utilizadas Folha, flor e caule

Propriedades organolépticas

odor e sabor

Odor viroso, fétido, desagradável, nauseoso;

sabor um tanto amargo e acre.

Princípios ativos
  • alcalóides tropânicos (0,05-0,10%): escopolamina (mais de 50%), hiosciamina, apoatropina, escopina, escopolina, tropina e cuscohigrina;
  • flavonóides: rutosídeo;
  • colina; matérias tânicas.

O meimendro é uma planta herbácea bienal, de pequeno porte e flores de cor amarelo ocre com venações de cor violeta ou castanhas. É bem cultivado em locais abertos, com plantio à pleno sol ou sombreamento parcial, em solos arenosos, calcários e que proporcionem boa drenagem. Pode alcançar de 80 a 90 cm.

A droga, segundo a Anvisa, “consiste de folhas secas e deve apresentar no mínimo 0,05 por cento de alcalóides totais expressos em hiosciamina (C17H23NO3; M 289,4) (fármaco seco a 100-105°C). Os alcalóides são principalmente a hiosciamina acompanhada de escopolamina (hioscina) em proporções variadas.”

O nome científico Hyoscyamus vem do grego hyoskyamos, de ‘húos’ igual a porco, e ‘kúamos’, feijão, talvez porque o cheiro era tão desagradável quanto o de porcos, ou porque porcos iriam comer as vagens.

A Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil, 1ª ed.14 , refere-se assim a suas folhas: “As folhas de meimendro devem conter, no mínimo, 0,065 por cento de alcalóides, calculados em hiosciamina (C17H23O3N = 289,192). Não devem conter mais de 25% de pecíolos, os maiores dos quais não devem ter mais de 7 mm de espessura.” Apesar da Pharmacopeia mostrar somente a folha do meimendro como parte utilizada, a British Herbal Compendium, v. 1 (1992), também aceita as flores e, ocasionalmente, os frutos como parte utilizada.

As folhas atingem perto de 25 cm de comprimento e 10 cm de largura. As inferiores são curtamente pecioladas; as médias sésseis e as superiores semiamplexicaules. O limbo é oval ou oval-oblongo, sinuoso-denteado, tendo 1 a 4 grandes dentes ou lóbos triangulares, mais raramente inteiro ou simplesmente sinuoso, de cor verde-acinzentada e muito peluginoso, principalmente na face inferior. Sua nervura mediana é muito dilatada na base; as nervuras secundárias, pouco numerosas e desigualmente espaçadas são, como ela, esbranquiçadas, proeminentes sobre a face inferior, irregularmente ramificadas às vezes desde a sua base. As flores são subsésseis com corola pouco zigomorfa, sujo amarelada e roxo-reticulada, pubescente, com cinco estames. O fruto é ovóide e pouco comprimido lateralmente.15

Usos farmacológicos e toxicodinâmica

Um bom e atual artigo de revisão a respeito da farmacologia e toxicologia do meimendro foi apresentado em 2014, por Anahita Alizadeh e colaboradores.16

O meimendro foi historicamente utilizado como anestésico em combinação com outras plantas, como mandrágora (Mandragora officinarum), beladona (Atropa belladonna) e datura (Datura L.). Também foi empregado em preparados mágicos por causa de suas propriedades psicoativas, que incluem alucinações visuais e uma sensação de vôo. Sabe-se que, durante a Idade Média e o Renascimento, na Europa, cultos praticados por feiticeiros e mágicos incluíam o consumo de beladona, do meimendro e da mandrágora.17

Assim como a beladona, o meimendro é indicado para o tratamento da bradicardia sinusal (por exemplo, após o infarto no miocárdio); na dilatação pupilar no Parkinsonismo; na prevenção de cinetose; como pré-medicação anestésica para ressecar secreções; em doenças espásticas do trato biliar, cólico-ureteral e renal, entre outras indicações.

Os efeitos produzidos por seus alcalóides são semelhantes aos da beladona e do estramônio, porém mais tênues devido ao menor teor de alcalóides tropânicos.

Os alcalóides presentes nas folhas do meimendro, hiosciamina, escopolamina, e outros alcalóides tropânicos (como na Beladona), apresentam uma ação anticolinérgica, atuando como antiespasmódico, midriático, antissecretor, broncodilatador leve, coadjuvante no tratamento da doença de Parkinson devido ao seu efeito sedativo sobre o sistema nervoso central e analgésico local. A atividade predominante corresponde em grande parte à presença da escopolamina, cuja ação parassimpatomimética é menos marcante que a da atropina ou da hiosciamina. Não obstante, no nível central provoca depressão, sonolência, amnésia, transtornos motores, potencializando a ação das drogas hipnóticas e neurolépticas.

Extratos de Meimendro têm demonstrado, in vitro, atividade bactericida, fungicida e antiamebiana frente a: Bacillus subtilis, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Proteus vulgaris e Entamoeba histolytica.18

 
Intoxicação

Há muitos registros de intoxicação acidental devido ao uso da planta por seus efeitos de cunho alucinógenos ou por ingestão acidental .19

Manifestações clínicas da intoxicação aguda são variadas e incluem: midríase, taquicardia, arritmia, agitação, convulsão e coma, boca seca, sede, fala arrastada, dificuldade em falar, disfagia, pele quente corada, pirexia, náuseas, vômitos, dor de cabeça, visão turva e fotofobia, retenção urinária, distensão da bexiga, sonolência, hiper reflexia, alucinações visuais, auditivas ou tácteis, confusão, desorientação, delírio, agressividade e comportamento combativo. O tratamento é por meio de terapias de suporte, incluindo o esvaziamento gástrico (não usar Ipeca), administração de carvão ativado e benzodiazepinas. (Conforme Nota 16.)

O meimendro, mesmo em baixas doses, também pode ser tóxico e fatal para animais. Todavia, não são todos os animais que se mostram suscetíveis à sua toxicidade. Assim, larvas de espécies de alguns Lepidoptera, incluindo mariposa do repolho20 , alimentam-se dele.

 
Referências e Notas
1SHACKESPEARE, William. Hamlet. 3a. ed. Tradução: Péricles Eugênio da Silva Ramos. Abril Cultural, São Paulo, 1976. 330 p.
2Na tradução de Millor Fernandes. http://www2.uol.com.br/millor/teatro/download.htm#hamlet
3In Literature and Psychoanalysis: The Question of Reading Otherwise. Ed. Shoshana Felman, Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1982. No Brasil destaque-se: LACAN, Jacques. Hamlet por Lacan. Escuta Liubliu, 1983. Editora Escuta, 1986.
4Para estudar em detalhes as principais vias de introdução para fármacos e tóxicos no organismo humano ver: AZEVEDO,F.A., LIMA,I.V. Toxicocinética. In: AZEVEDO,F.A., CHASIN,A.A.M. As bases toxicológicas da Ecotoxicologia. São Carlos: RIMA, 2003. p. 38-56.
5The Tragedy of Hamlet, Prince of Denmark. ASCII text placed in the public domain by Moby Lexical Tools, 1992. SGML markup by Jon Bosak, 1992-1994. XML version by Jon Bosak, 1996-1999. Simplified XML version by Max Froumentin, 2001. The XML markup in this version is Copyright © 1999 Jon Bosak. P. 30.
http://www.w3.org/People/maxf/XSLideMaker/hamlet.pdf
6Texto disponibilizado no saite de Millôr Fernandes: http://www2.uol.com.br/millor/.
Segundo o Instituto Shakespeare Brasil, temos as seguintes traduções do Hamlet feitas no Brasil:
• Péricles Eugênio da Silva Ramos, Victor Civita, 1976;
• Geraldo de Carvalho Silos, JB, 1984;
• Carlos de Almeida Cunha Medeiros e Oscar Mendes, Nova Aguilar, 1988;
• Millôr Fernandes, L&PM, 1988;
• Ana Amélia Carneiro de Mendonça, Nova Fronteira, 1995; Nova Aguilar, 2006, Abril, 2010;
• John Milton, Disal, 2005;
• Adriana de J. Buarque, Universo dos Livros, 2007;
• Carlos Alberto Nunes, Agir, 2008, Ediouro, s/d;
• José Roberto O”Shea, Hedra, 2011;
• Lawrence Flores Pereira, Cia. das Letras, 2015.
7Primeiro Quarto (Q1): em 1603, surgiram os chamados “maus” primeiros quartos. O Q1 contém um pouco mais da metade do texto que veio depois com o segundo quarto.
Segundo Quarto (Q2): Nicholas Ling publicou, em 1604, e James Robert o imprimiu. Algumas cópias datam de 1605, o que pode indicar uma segunda impressão. Assim, o Q2 é datado de “1604/5” e é a maior edição, embora suprima 85 linhas da F1 (provavelmente para não ofender Ana de Dinamarca, a rainha de Jaime VI da Escócia e I de Inglaterra).
First Folio (F1): em 1623, William Jaggard e Edward Blount publicaram o First Folio, primeira edição dos Trabalhos Completos de Shakespeare.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hamlet
8Citem-se:
G. H. Shakespeare”s Hebona. Pharmacy in History, v. 35, n. 3, 1993. p. 137.
http://www.jstor.org/stable/41111539?seq=1#page_scan_tab_contents
HARRISON Jr., T.P. Shakespeare”s “Hebenon” Again. The Modern Language Review, v. 40, n. 4, outubro 1945. p. 310-311.
http://www.jstor.org/stable/3716873?seq=1#page_scan_tab_contents
HUXTABLE, R.J. On the nature of Shakespeare”s cursed hebona. Perspectives in Biology and Medicine, v. 36 n. 2, 1993. p. 262-280. Academic OneFile. 10 outubro 2012.
http://muse.jhu.edu/login?auth=0&type=summary&url=/journals/perspectives_in_biology_and_medicine/v036/36.2.huxtable.pdf
SIMPSON, R.R. Shakespeare on the ear, nose and throat. The Journal of Laryngology & Otology, v. 64 n. 6, junho 1950. p. 342-352.
http://journals.cambridge.org/action/displayAbstract?fromPage=online&aid=731528&fileId=S0022215100012147
TABOR, E. Plant poisons in Shakespeare. Economic Botany, v. 24, n. 1, 1970. p. 81-94.
http://link.springer.com/article/10.1007/BF02860641
http://link.springer.com/article/10.1007/BF02860641#page-1
9Teixo (conforme Aulete digital):
(tei. xo) Bot.
sm.
1. Árvore ou arbusto da fam. das taxáceas (Taxus baccata), nativa da Europa e região mediterrânea, de folhas e sementes venenosas, cultivada como planta ornamental e muito us. como cerca viva.
[F.: Do lat. taxus]
http://www.aulete.com.br/teixo
10Guáiaco – árvores referentes ao gênero botânico Guaiacum, família das Zigofiláceas, que apresentam odor balsâmico e propriedades medicinais estimulantes e sudoríficas. A resina dessas árvores foi usada como remédio contra gota e reumatismo. Pau-santo, espécie de ébano medicinal da América.
11Metátese (conforme Aulete digital):
1. Ling. Troca de posição de um fonema dentro de um vocábulo (p.ex., falcudade em lugar de faculdade).
2. Lóg. Transposição de termos ao longo de um raciocínio.
[F.: Do lat cient. metathèsis, deriv. do gr. metàthesis.]
http://www.aulete.com.br/met%C3%A1tese
12AZEVEDO,F.A. Toxicologia do Mercúrio. São Carlos: Editora: RIMA, 2003. 272 p.
AZEVEDO,F.A., NASCIMENTO,E.S.,CHASIN,A.A.M. Mercúrio. In: AZEVEDO,F.A., CHASIN,A.A.M. Metais – gerenciamento da toxicidade. São Paulo: Atheneu, 2003. P. 299-352.
13FLYNN,M. Mercúrio, uma ameaça global. http://intertox.com.br/index.php/meio-ambiente-em-manchete/516-mercurio-uma-ameaca-global
14ALBINO, R. Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil. 1ª edição. 1926.
15OLIVEIRA,F., AKISUE,G., KUBOTA,M. Farmacognosia – identificação de drogas vegetais. 2a. ed. São Paulo: Atheneu, 2014. p. 89-90.
http://atheneu.com.br/farmacognosia-identificac-o-de-drogas-vegetais-2a-edic-o.html#JumPos
16ALIZADEH, A., MOSHIRI,M., ALIZADEH,J., BALALI-MOOD,M. Black henbane and its toxicity – a descriptive review. Avicenna J Phytomed., 4 (5): 297–311, Sep-Oct, 2014.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4224707/
17MARTINEZ,S.T., ALMEIDA,M. R. , PINTO, A.C. Solanáceas e Rituais de Bruxaria. Sociedade Brasileira de Química (SBQ). 31a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química.
http://sec.sbq.org.br/cdrom/31ra/resumos/T1046-1.pdf
18DAFNI, A., YANIV, Z. Solanaceae as medicinal plants in Israel. Journal of Ethnopharmacology, 44: 11-18, 1994.
19Ver http://www.thepoisongarden.co.uk/atoz/hyoscyamus_nig
20Ver: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/63832/1/Circ-Tec-35.pdf

intertox

intertox