Há riscos na Comunicação de Riscos?

Há riscos na Comunicação de Riscos?

Em muitas matérias sobre tragédias ambientais (naturais ou antropogênicas) ocorrem ruídos na comunicação que prejudicam as ações das agências de proteção e de saúde junto ao público. Poucos sabem, mas se existe uma forma de minimizar os riscos em incidentes e acidentes (ambientais, químicos e/ou tecnológicos) através da mudança de atitudes da população, esta certamente vem da efetiva Comunicação de Riscos.

Diferente de uma verdadeira comunicação, o que frequentemente se vê é a mera emissão de informações sem impacto previsto. Se, por um lado, a interação entre profissionais da comunicação e gestores de risco nem sempre é tão harmonizada, por outro, frequentemente são lançados discursos aleatórios, entrevistas não planejadas e matérias “de última hora”, sem a devida interação/sistematização que a própria definição do processo de Comunicação de Riscos configura:

“A comunicação de risco é um processo interativo de troca de informação e de opiniões entre pessoas, grupos e instituições. É um diálogo no qual são discutidas múltiplas mensagens que expressam preocupações, opiniões ou reações às próprias mensagens ou arranjos legais e institucionais da gestão de riscos”.

(National Council Research/Food and Agriculture Organization, 1989)

Em suma, o processo de Comunicação de Risco deve:

  • Ter um objetivo claro, que, em geral, tem foco nas sensibilidades/características/percepção do público-alvo e no resultado de participação da comunidade nas ações preventivas ou de intervenção;
  • Ser sistemático, planejado com etapas bem definidas, segundo os critérios atualmente propostos;
  • Apresentar uma abordagem compatível com a situação (diferenciar a comunicação de crise de uma comunicação voltada para o consenso ou para o cuidado);
  • Ser interativo e harmônico, com a participação entre diferentes organizações;

Em tempos em que se discutem assuntos como terrorismo, guerra química, acidentes químicos, poluição, entre outros; como em países desenvolvidos, os governos e instituições devem estar preparados com, no mínimo, o escopo para o correto planejamento e efetivação da Comunicação de Riscos em eventuais crises. É necessário promover maior interação entre o jornalismo e gestores de risco, com a capacitação em Comunicação de Riscos, em seu verdadeiro e profundo sentido.

Há riscos na Comunicação de Riscos?